Ratos saem do esgoto e infectam a Avenida Paulista
São Paulo viveu essa semana de intenso calor, com sensação térmica de quase 40º. Realmente, o paulistano não suportou e resolveu se enfiar na sombra, ou procurar um oásis em meio à selva de concreto. E nessa sexta-feira, dia 21 de fevereiro, quando o povo se preparava para o Carnaval, no Sesc Paulista, ocorreu o show do Ratos de Porão.
Conforme estava no site do Sesc, os ingressos para os dois dias (eles também se apresentariam no dia 22, num sábado) estavam esgotados. De acordo com o responsável pela bilheteria do Sesc, os ingressos se esgotaram em, praticamente, dois dias, ou seja, estimativamente, foram mais de 230 pagantes. Como o show foi no térreo, a área têm ocupação para quase 140 pessoas.
Conversando com os fãs do Ratos, eles também sofreram para comprar os dois dias, mas resolveram compartilhar gostos pessoais. E, ao abrir os portões, deparamos com a banca de merchandising, que foi ocupada pela Victoria, filha do João Gordo. Entre os roadies, estava o Maurício Nogueira, ex-guitarrista do Torture Squad, arrumando os amplificadores.
Foto: Vini Vieira (@vinivieirafilmmaker)
Chegada a hora do show, o público havia aumentado, e eis que Bôka, Jão, Juninho e João Gordo adentram ao palco e começa o genocídio em massa. Realmente, o Sesc Paulista ficou pequeno para tamanha apresentação.
Foto: Vini Vieira (@vinivieirafilmmaker)
Clássicos como Amazônia Nunca Mais, Sentir Ódio e Nada Mais, Toma Trouxa e Sofrer transformaram a área num ataque de guerra. Antes de tocar Exército de Zumbis, Gordo falou do seu trabalho voluntário, cujo intuito era entregar marmitas veganas para os viciados da Cracolândia, e relatou o sofrimento das pessoas e as condições sub-humanas que enfrentam.
Foto: Vini Vieira (@vinivieirafilmmaker)
Mas, o que não faltou foram as críticas do ex-presidente Bolsonaro, que o Gordo zoou falando "uh, vai ser preso!". Ainda divulgando o disco Necropolítica, cantaram Alerta Antifascista. No meio do show, Jão teve problemas de tocar sua guitarra, e disse que "ela tava murcha, com os peitos caídos". Foi a deixa para tocar Morrer.
Foto: Vini Vieira (@vinivieirafilmmaker)
Ainda falando de Clássicos, tocaram Crucificados Pelo Sistema, Conflito Violento, Anarkophobia, Difícil de Entender e Cérebros Atômicos. O Ratos havia tocado no La Iglesia, com um set tocando de forma lenta. Gordo havia dito que a banda estava ficando velha para tocar mais rápido.
Foto: Vini Vieira (@vinivieirafilmmaker)
Outra vez a guitarra do Jão sofreu pane e, enquanto estava arrumando, Bôka e Juninho tocavam um Black Music. O baixista deu seu baixo pro Gordo tocar (e tocou bem, diga-se de passagem!). O encore final foi com os hits AIDS Pop Repressão e Beber Até Morrer.
Fazendo um balanço, a banda toda estava mais afiada, suja e agressiva como nunca. Bôka continua uma máquina na sua bateria, sem perder 1% de sua técnica. Juninho é o termômetro do Ratos, embora todos acham que ele é o novo integrante, sendo que ele está na banda desde 2004. Jão ainda têm lenha pra queimar, pois ele toca como ninguém. Gordo, embora ele passe dos 60 anos, ele se mantém ativo, seja com o RDP, ou com seus projetos, como Asteroides Trio e o Brutal Brega.
Como eu havia dito na resenha do show do Iron Maiden, estamos atentos para o que vier adiante. O Ratos têm mais de 40 anos de banda, do Punk, Hardcore e Thrash Metal. Embora os integrantes continuem tocando, estamos apreensivos quando eles anunciarem que irão encerrar seu expediente. Mas, se depender do seu público, o Ratos não vai acabar tão cedo. Pois, com o momento político que vivemos, precisamos de bandas que relatam e tocam o dedo na ferida, com os berros do João Francisco Benedam.
Comentários
Postar um comentário