Passado, Presente e Futuro direto no Allianz Parque


Para fazer um release sobre o show do dia 6 de dezembro, tenho que contar algo pessoal. Esperei exatos 20 anos para ver o show do Iron Maiden, sendo que eu fazia mais de dois anos que comecei a escutar Metal. Eu ouvia de todos os discos de diferentes bandas, de diversos gêneros dentro do Metal. Fui a diversos shows e espetáculos São Paulo afora, já que eu não poderia ir a outro lugar que não seja a capital paulista.

Mas, eu acompanhei as idas da Donzela pelo Brasil, de 2004 até esse ano. E não foi diferente. Esperei todo o tempo para conferir o show do Iron Maiden, e dessa vez foi no Allianz Parque, na Barra Funda. O lugar tem acesso a muitos percursos de locomoção (seja Ônibus, Metrô, trem, a carro, ou até quem mora na região). Chegando lá, vi muitos fãs com a camiseta do Iron, além de outras bandas do Rock e Metal. Sem falar de diversos camelôs, que vendiam camisetas não-oficiais, copos, bonés, bandanas, além dos ambulantes que vendiam bebidas alcoólicas, só para ganhar um dinheiro, para aproveitar o evento em si.

Entramos na área da imprensa e deparamos com o lugar reservado para os jornalistas de diversos veículos se preparando para cobrir o show. Na pista Premium, encontramos muitos fãs e os ambulantes da Eisenbahn, cerveja patrocinadora do evento, carregando mochilas com copos e latas de cerveja. Para consumir, o fã tinha que conseguir um cartão para carregar crédito para o consumo da bebida.

Chegada a hora, por volta de 19:10, a abertura ficou por conta da banda dinamarquesa Volbeat. E ao que parece, o negócio era sério e, ao mesmo tempo, curioso, já que essa é a segunda vez que a banda se apresenta no Brasil (a primeira foi no Lollapalooza, em 2018). Começaram a tocar The Devil's Bleeding Clown, Lola Montez e Sad Man's Tongue, com direito a um pequeno tributo à Johnny Cash.
Foto: Stephan Solon/Move Concerts

O vocalista Michael Pousten estava radiante e extremamente simpático, com uma presença de palco enérgica. E com um detalhe: ele vestia a camiseta do Beneath The Remains, do Sepultura. E vieram com sons contagiantes, como Black Rose, Fallen, A Warrior’s Call, Shotgun Blues, Seal The Deal, For Evigt e a derradeira, para fechar com chave de ouro, Still Counting.
Foto: Stephan Solon/Move Concerts

Um ponto a ressaltar sobre o show do Volbeat: embora eles sejam poucos conhecidos no Brasil, não é à toa que lá nas gringas eles são gigantes, com álbuns super bem produzidos, com músicas que tem cara de hits, que grudam na cabeça e não saem mais. Sem falar que vários artistas do Metal, como Barney Greenway (Napalm Death), Millie Petrozza (Kreator), King Diamond, os guitarristas do Mercyful Fate, Hank Shermann e Michael Denner gravaram músicas com o Volbeat. Na minha opinião - espero que os fãs do Maiden não fiquem bravos, por favor! - , eu acho o show de abertura o melhor, pois unir presença de palco, setlist e carisma com o público não é para qualquer um.

A noite começou a tomar conta do Allianz, e mais fãs da Donzela se aglomeraram e lotaram o gramado para ver, de perto, a banda. Com o som mecânico de Doctor, Doctor (UFO) e a trilha dos end credits, do Blade Runner, composta por Vangelis, a introdução começou a pegar fogo, e o Iron Maiden tocou Caught Somewhere In Time. Bruce Dickinson estava eletrizado, enquanto Steve Harris e o trio de guitarristas (Adrian Smith, Dave Murray e Janick Gers) corriam de um lado para outro, como se estivessem dançando.
Foto: Stephan Solon/Move Concerts

Depois, vieram com Stranger In A Strange World, The Writing on The Wall, Days of Future Past e The Time Machine. Os fãs iam à loucura, não podiam acreditar que o Iron Maiden estava em pleno solo Brasileiro, mesmo para alguns que estavam vendo pela primeira vez (como eu!). Em seguida, recitaram a introdução de um diálogo, para a seguir começar The Prisioner, do disco The Number of The Beast.
Foto: Stephan Solon/Move Concerts

Outra coisa a ressaltar: a banda, ultimamente, tem alterado seus sets, adicionando músicas que não tocavam há muito tempo, ou seja, resolveram excluir The Number of The Beast, Hallowed Be Thy Name, 2 Minutes 2 Midnight, porque eles tocaram à exaustão. E também por um motivo aparente: o baterista Nicko McBrain queria tocar, de forma mais leve, por causa da sua recuperação de um AVC.

Voltando ao show, após Death of the Cells, a onda de clássicos tomou conta com Can I Play With Madness, Heaven Can Wait, Alexander the Great, o hit Fear of the Dark e Iron Maiden, com direito a Eddie gigante vestido de samurai, em relação ao disco recente, Senjutsu. Essa música poderia ser uma homenagem ao Paul Di'Anno, que faleceu esse ano. Na música Heaven Can Wait, o Bruce duela com o Eddie Ciborg, com direito a tiros de raio laser.
Foto: Stephan Solon/Move Concerts

A banda saiu para dar uma respirada, e Nicko foi aplaudido de pé, jogando peles de bateria e baquetas para a plateia. Em seguida, tocaram Hell On Earth, com a imagem do Eddie vestido de Estátua da Liberdade. Vale ressaltar também que, nos telões, exibiram desenhos do Eddie de todos os tipos, seja de soldado romano, futurista, gangster...

O final veio com dois hinos da Donzela, The Trooper e Wasted Years, fechando o primeiro dia de shows do Iron. A banda, no geral, continua tinindo no palco. Bruce, que se apresentou esse ano com sua banda solo, demonstrou energia e vitalidade.

Porém, horas depois desse show, os fãs foram bombardeados com uma notícia, digamos, desanimadora: Nicko McBrain declarou que o show do dia 7 (sábado) será o último que ele toca com o Iron Maiden. Embora ele esteja com uma idade avançada, ele irá continuar com seus trabalhos, relativos ao Iron.

Fazendo uma reflexão: como eu havia dito, o Iron Maiden nunca pecou em seus shows no mundo todo. Agora, é chegada a hora da banda passar seu bastão para as futuras bandas, como o Volbeat, que abriu o espetáculo. No Rock em geral, as grandes bandas, como o próprio Iron, AC/DC, Metallica, entre outras, possuem seus integrantes que estão passando dos 70 anos. Até mesmo o Rolling Stones, será que vão continuar tocando, mesmo com seus integrantes chegando aos 100?

Isso me faz lembrar de uma cena do filme Ratatoulie, da Disney: "O mundo costuma ser hostil aos novos talentos e novas tendências. É hora de abraçar o Novo. Nem todos podem ser grandes artistas, mas todo grande artista pode vir de qualquer um". Se algum dia o Iron Maiden resolver encerrar seu expediente, estaremos preparados para abraçar seus herdeiros do Heavy Metal.

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