Noite feminina na Liberdade
Encerrando, com chave de ouro, o ano de 2024, e a mega turnê do disco Shades of Sorrow, a banda Crypta resolveu presentear os paulistanos com um minifestival pra lá de especial, com a companhia das bandas Angelus Apatrida, Hatefulmurder, Manger Cadavre? e InRaza. O local escolhido foi o Cine Joia, que fica na Praça Carlos Gomes, no bairro da Liberdade, na capital paulista.
Ao adentrar, vimos uma fila de diversos fãs da banda das meninas, inclusive o fã-clube The Outsiders. Ao conversar com um dos membros, eles explicaram que, para ser aceito no clube, precisa ter a "benção" da Crypta. Os seguranças tiveram que separar os pagantes e os que tinham o nome na lista de convidados.
Ao entrar no recinto, vimos muitas mesas de merchands das respectivas bandas. A da Crypta estava abarrotada de pessoas, como se disputassem a tapa por uma simples lembrança. No Manger Cadavre?, nos encontramos com os integrantes, todos simpáticos e receptivos com os fãs, especialmente a vocalista Nata de Lima, como sempre muito carinhosa e comunicativa.
A primeira banda a se apresentar foi a InRaza, formada em 2017, e apresentando a sua formação, contando com a vocalista Fernanda Souza. Com quatro singles lançados, o som da banda remete à um Death Metal grooveado, nos moldes do Jinjer e Arch Enemy. Fernanda sabe aliar presença de palco com desenvoltura. A banda se prepara para gravar seu primeiro disco completo.
Foto: Sabrina Ribeiro
A segunda banda foi a Manger Cadavre?, em divulgação do disco Imperialismo. Nata possui presença de palco, jogo de cintura e, como sempre, se movimentando e mexendo sua vasta cabeleira. Sons como Imperialismo, A Raiva Muda o Mundo e o novo som Como Nascem os Monstros fizeram o Cine Joia virar uma praça de guerra. Chegou a hora da Fernanda Souza, do InRaza, dividir seus guturais com a Nata. Em um dos seus discursos, Nata esbraveja contra o Jair Bolsonaro, chamando-o de genocida, e culpa o governador Tarcísio, de mandar a polícia matar os pobres. Ela dedica Tragédias Previstas e Encarceramento e Morte, para as 700 mil vítimas da Covid-19, e as vítimas policiais.
Outra banda que também castigou os presentes foi a carioca Hatefulmurder, com seu Death/Thrash Metal. Os sons da banda se revezavam com os clássicos e os mais recentes, inclusive com o novo disco I Am That Power. Rodas e mais rodas de circle pit tomaram conta. A vocalista Angélica Burns demonstra carisma e talento, como poucos.
A atração internacional ficou com a espanhola Angelus Apatrida, divulgando seu disco Aftermath. No começo, houve um pequeno atraso, com a equipe arrumando seus equipamentos e testando seus microfones. Mesmo assim, a banda não decepcionou e o mosh nosso de cada dia parecia a guerra da Síria.
E eis que a atração principal fechou com as beldades Fernanda Lira, Luana Dametto, Jéssica Di Falchi e Tainá Bergamaschi entrando no palco, para delírio coletivo. O set veio com sons, como The Other Side of Anger, Poisonous Aparthy, The Outsider (com a plateia levantando as placas com a frase We Are The Outsiders) e Lullaby For An Forsaken.
Com certeza, a turnê que a Crypta fez no mundo todo deu muito mais confiança e profissionalismo máximo para as meninas. Especialmente as guitarristas Tainá e Jessica, pois o entrosamento da dupla é enorme, parece que elas se completam. Luana é, realmente, um anjo demoníaco, pois sua técnica apurada causa inveja para os grandes bateristas.
Ainda falando do disco Shades..., outros sons também levantaram a galera, como Strongold, Dark Clouds, Train of Traitors, além do Under the Black Wings, do Echoes of the Soul. E, por falar no público, cada música executada era rodas e mais rodas violentas, como se o Brasil virasse um país do Oriente Médio, em clima de guerra civil.
Fernanda Lira agradeceu a cada um pelo seu ano magnífico, de tão emocionada, quase não segurou as lágrimas. Não é à toa que, desde que ela virou vocalista da Nervosa, seu talento foi crescendo cada vez mais, tornando-se uma veterana do Metal Brazuka. O final veio com Lords of Ruins e o hit From the Ashes, que, aliás, a Tainá dedicou à sua amiga Noêmia. No final, Fernanda se jogou na plateia, que a seguraram pelas costas.
Foi uma noite para entrar na história. Todas as bandas foram beneficiadas pela excelente acústica e aparelhagem técnica da casa. Não houve nenhum tipo de contratempo. Tomara que, no ano que vem, aconteçam muitos shows e sigam sua perfeição, até porque todos erram, mas são nos erros que nos fazem crescer, tanto profissional quanto pessoal.
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