Baile do Satanás marca presença no domingo paulistano
Domingo sempre foi um dia chato, mas o dia 12 de março eu tive que escolher entre ver a cerimônia do Oscar, ou conferir o Kool Metal Fest. Como eu já acompanhei quase todas as cerimônias, desde que me entendo por gente, e já estou quase perdendo o interesse, resolvi sair da minha casa para ver o Baile do Satanás.
Completando 20 anos, o festival, mais uma vez, foi realizado no Carioca Club, em São Paulo. Desta vez, foram seis bandas, sendo que cinco são nacionais e uma gringa, a banda texana Dirty Rotten Imbecilies (D.R.I.), em sua turnê comemorativa de 40 anos.
Ao adentrar na entrada, percebi que o público foi aparecendo aos poucos. Com o horário dos portões chegando, haviam um número de headbangers adentrando a fachada, todos trajando camisetas de bandas de Thrash e Crossover.
A primeira banda a assumir a bronca foi a Vermenoise, de Sorocaba/SP. Com seu grindcore totalmente influenciado pelo Test, divulgando seu EP O Outro (2020) e contendo três integrantes, a vocalista Chris Justtino, o guitarrista Victor Costa e a baterista Rafaela Bega, não deixaram por menos. E contendo duas moças na banda, a vocalista fez o seu discurso contra o abuso sexual e contra o machismo.
Outra banda, que fez aumentar o público, foi o Trovão, com seu Heavy Tradicional oitentista, fortemente influenciado por Azul Limão, Metalmorphose, Salário Mínimo e Centúrias. A banda está divulgando seu disco Prisioneiro do Rock 'N Roll (2022) e, pelo jeito, a galera sabia de cor as músicas da banda, inclusive o vocalista ofereceu vodca para os presentes. O guitarrista virou destaque, tocando muito, remetendo aos ícones Randy Rhoads e Eddie Van Halen.
Quem também deu o ar de desgraça foi a cearense Facada, com seu Grindcore doentio e podre. É aí que não teve sobreviventes fazendo circle pit, pois a performance da banda foi espetacular. O set foi baseado nos seis discos, entre eles o novo som, dedicado a uma certa rede social, Instagrind.
E se achavam que havia acabado, se enganaram, pois o melhor estava por vir. Mesmo com problemas técnicos, a brasiliense Violator despejou o Thrash Metal de deixar saudosistas orgulhosos. Pedro Poney fazia discursos pregando o fim do governo de Jair Bolsonaro. Um detalhe: o vocalista trabalhou na campanha do atual presidente Lula.
Foram rodas e mais rodas, incluindo moshs, pranchas de bodyboard sob a plateia, galera surfando, até o momento mais esperado: todos os headbangers adentraram no palco, ao som de United for Thrash.
Quando achavam que o massacre tinha terminado, eis que a banda mais suja e agressiva apareceu. João Gordo, Jão, Bôka e Juninho destilaram o veneno contra os fascistas.
Ainda comemorando os 40 anos e divulgando o disco Necropolítica, o Ratos de Porão tocou Alerta Antifascista, Aglomeração, Necropolítica, Amazônia Nunca Mais, Farsa Nacionalista, Ignorância, Lei do Silêncio, Descanse em Paz, Guerrear, Políticos em Nome do Povo, Caos, V.C.D.M.S.A., Expresso da Escravidão, Engrenagem, Crucificados Pelo Sistema, Conflito Violento, Difícil de Entender, Toma Trouxa.
Outra divulgação é o EP Isenton Paunoku, tocando três pérolas. João Gordo incitou o público ao genocídio em massa. Sem falar que estava hasteada a bandeira do Sea Shepard, uma ONG de proteção aos oceanos. O final veio com o hitzinho idiota, AIDS Pop Repressão.
E o final estava mais do que bem vindo, com os texanos do D.R.I. Kurt Brecht parecia um moleque, seu vocal estava tinindo. Bryon "Yapple" Ruelas, do Attitude Adjustment, substituiu o lendário Spike Cassidy, mostrando que está afiado na guitarra.
Foram muitos circle pits e poucos moshs. Inclusive, tanto do Ratos quanto no D.R.I., os seguranças impediram do público pular no palco.
Fazendo o saldo do festival, a acústica estava perfeita, apesar dos deslizes. Realmente as bandas foram profissionais e não se intimidaram com os defeitos. O ponto negativo foi o calor estafante, fazendo com que o público quase se matava.
Realmente, foi a consagração do som pesado. Que venham mais shows, daqui em diante.
Comentários
Postar um comentário